A região central de Portugal entre Rio Maior, Alcobaça, Porto de Mós, Batalha, Leiria, Ourém, Torres Novas e Alcanena, é ocupada, por serras calcárias, que constituem o maciço calcário estremenho. Dele fazem parte duas serras principais, a de Aire e dos Candeeiros.
Esta região é caracterizada por não ser atravessada por nenhum rio, já que a água das chuvas se infiltra quase completamente nas fendas da rocha em vez de escorrer pelas vertentes e originarem rios. É que, ao contrário das outras rochas, o calcário é dissolvido pela água. Esta esculpe curiosas formações desde simples rendilhado, pequenas pias, marmitas e cristas aguçadas até aos maiores pedestrais, são denominados lápiás pelos estudiosos destas regiões e são classificados de acordo com a sua origem, forma e dimensões.
Outra característica das regiões calcárias é a existência de depressões fechadas com vertentes rochosas e o fundo coberto por solos argilosos vermelhos. Na região, estas depressões são por vezes determinados covões enquanto os solos vermelhos são conhecidos como FELGAR. Os cientistas chamam dolinas às depressões fechadas e terra rossa a esses solos típicos em todas as regiões calcárias do Mediterrâneo.
Ao contrário dos lápiás, de rocha nua e escalvada, que só as cabras se atrevem a percorrer, as dolinas são os raros locais onde é possível fazer agricultura, milho de sequeiro, batatas e outras espécies que não exigem muita água, são as preferidas dos agricultores.
Mas com engenho e esforço o homem foi espalhando ao longo dos séculos miríades de oliveiras pelas encostas mais íngremes ou mais rochosas, aproveitando habilmente as mais pequenas manchas de solo.
Por vezes, onde o solo era mais escasso, foi necessário retirar e calcular as quantidades de pedras, depois dispostas em marouços ou aproveitadas para construir muros, também tão típicos das regiões calcárias.
Ao penetrar nas pequenas fissuras de rocha, a água alarga-as por dissolução e transforma-as em grandes corredores ou em poços naturais que, na região têm o nome de algares.
Foi num destes algares, existentes no sítio de Moinhos Velhos, pequeno por sinal, e aparentemente igual a tantos outros, que em 1947 alguns habitantes de Mira de Aire entraram.
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